Wilson Serqueira: como a vida pessoal deste empresário resultou em um modelo de negócios que atende o público C, D,E?

Desde a infância, o empresário superou obstáculos pessoais que levaram a entender que serviços, como os de saúde, devem ser para todos

Ele já vendeu sacos de lixo, foi office boy, ajudante de pintor e, aos 14 anos, morava sozinho. Hoje é empresário e fundador de uma plataforma de serviços focada nas classes C, D e E. Trata-se de Wilson Serqueira, CEO da SOVC, rede de soluções que oferece serviços de saúde, serviços residenciais, cobertura de vida , funeral familiar, clube de vantagens, entre outros benefícios, especialmente pensados para as faixas menos favorecidas da população.

De origem humilde, Serqueira teve, desde muito cedo, que aprender a lidar com as adversidades de forma independente. Situações como violência doméstica, perdas afetivas e as demais limitações cotidianas que fazem parte da vida de muitos brasileiros ainda hoje, foram comuns em toda sua história.

Ele afirma, por exemplo, ter lembranças de familiares que faleceram e não puderam sequer ter um funeral digno por falta de recursos. Mas foram estas dificuldades que formaram sua personalidade, o tornaram resiliente e fizeram com que quisesse trabalhar em um negócio focado em oferecer a estas pessoas uma existência mais digna. “Temos 145 milhões de pessoas no Brasil sem nenhum tipo de assistência básica, seja de saúde, odontológica ou residencial”, destaca.

Empreendedor desde sempre, Serqueira, hoje casado e pai, se sente orgulhoso, pois alcançou independência financeira e econômica antes dos 40 anos, mesmo tendo enfrentado tantas adversidades. Um dos fatos que marcaram sua história foi a perda da mãe quando ainda era adolescente. Foi nesta época que ele começou a trabalhar e a buscar, por si mesmo, melhores condições de vida.

Além dos empregos citados, Serqueira também empreendeu em um negócio de materiais de construção, foi dono de lan house, lanchonete e vendedor de cachorro-quente. O ‘faro’ para vendas o levaria a se tornar, mais tarde, vendedor de seguros. Foi na empresa Porto Seguro que ele começou a se especializar em uma atividade que se tornaria, anos adiante, seu próprio empreendimento. Mantendo o foco nesta ideia, apesar dos obstáculos que surgiam a todo momento, ficou na empresa durante dez anos e foi promovido sete vezes.

Neste período, passou do teleatendimento para a gerência de benefícios e viajou pelo Brasil realizando palestras e treinamentos. Enquanto isso, a ideia de ter um negócio próprio germinava. Mais tarde, Serqueira se desligaria da empresa e começaria a construí-lo. Foi assim que surgiu a Quality Insurance ADM e Corretora de Seguros, empresa com uma vasta carteira de clientes do segmento B2B, que já recebeu diversos prêmios por sua atuação.

Ao falar sobre pontos de sua história, Serqueira lembra que em sua infância nem ele, nem seus familiares e vizinhos, sabiam o que era ter um plano de saúde. “A gente não tinha muito acesso a estas informações, isto é algo cultural. O médico da região era o farmacêutico do bairro, era só chegar na farmácia, dizer o que estava sentindo que ele já vinha com o remédio. Dentista, a mesma coisa, e isto se deve à falta de conhecimento e de recursos financeiros. Em casa, problemas elétricos a gente resolvia com uma gambiarra e estava tudo certo. Felizmente isto vem mudando”, observa.

Pois, todos estes aspectos culturais aliados às suas próprias experiências, foram estimulando seu desejo de criar um negócio focado nas classes mais baixas.

Mas para que desse certo, a facilidade de entendimento e simplicidade na composição das soluções oferecidas seria primordial. Durante a pandemia a SOVC finalmente saiu do papel e no próprio nome simples e abreviado, já disse a que veio.

Observando que foram as classes C, D e E que mais sofreram com a pandemia, a plataforma foi criada para inserir, na vida destas pessoas, serviços que, de outra forma, elas não poderiam acessar.

Para se ter uma ideia, é possível usufruir dos serviços por um valor inicial de R$ 5,90 mensais.

Como conhecedor da vida difícil das pessoas que vivem tendo que escolher entre estudar ou trabalhar; pagar aluguel ou ir ao médico e nunca podem usufruir de serviços simples como um seguro de automóveis ou uma ida ao dentista, Serqueira foi categórico. “Durante o desenvolvimento do negócio, me lembrei o tempo todo de tudo o que quis ter e não pude. Bem como do que meus familiares quiseram ter e não puderam… Então, cada serviço que oferecemos tem o meu desejo de proporcionar aos menos favorecidos, a possibilidade de aproveitar serviços básicos por valores que realmente cabem no bolso”, conclui.