Em plena era digital,as cartas estão ficando cada vez mais obsoletas.O número de pessoas que utilizam esse meio de comuicação está diminuindo cada vez mais,enquanto a maioria opta pela rapidez e praticidade dos e-mails e PDF´s via Whatsapp.Em contra partida,o poeta Werley souza, de corpo jovem e alma antiga,utiliza as cartas para compartilhar com as pessoas a sua poesia. No início,o autor trocava cartas apenas com sua amiga Késia ,enquanto trabalhava em sua máquina de escrever os versos que iria postar nas redes sociais e nos livros a serem publicados.
Autor de dois livros:Contos de Gelo(Perfil editorial,2018) e O que sobrou de um poeta(Dallas Produçoes Literárias ,2021),Werley estava com sua carreira literária emergindo,participando de várias antologias e tendo alguns versos sendo publicados em Portugal.Em 2020 foi condecorado com o título de Delegado Cultural pela ESC-BRAS da qual recebeu algumas honrarias. Em 2022 seu livro foi finalista da primeira edição do Prêmio Calango de Literatura. E em 2023 se tornou acadêmico imortal da Academia Intercontinental de Literatura e Arte,ocupando a cadeira 81.
Mas,devido a problemas pessoais,o autor deu uma pausa na carreira por quase dois anos,lutando contra depressão e transtorno de ansiedade, encontrando alento em suas caminhadas ao ar livre e nas datilografadas em sua máquina de escrever nas madrugadas insones. E depois de um longo tempo recluso,voltou a investir no que mais o impulsiona:a escrita.Encorajado pela arte,o autor,que também é músico multinstrumentista,foi ”juntando os cacos” aos poucos,preparando seu terceiro livro e escrevendo cartas para alguns leitores. Até que decidiu compartilhar sua ”carta poema”(como ele mesmo chama) com pessoas que,assim como ele,podem encontrar um abraço na poesia. Seus textos conversam com corações machucados,decepcionados ,temerosos. Sua poesia de verso livre e confessional fala sobre seguir em frente e ao mesmo tempo respirar um pouco antes do próximo passo.
Seus textos viscerais e intensos transformam a dor em arte como forma de amenizar a mesma.Não negando a dor na tentativa de se curar,mas aceitando-a como sendo apenas um passo para a cicatrização,dando a ela voz mas não permitindo que grite a ponto de atrapalhar a caminhada rumo a si mesmo.Todos estão se curando de algo e os versos de Werley Souza são braços abertos para quem tem recebido punhos fechados. E é isso que os moradores de São Paulo têm recebido todas as sextas nas ruas da Consolação,República e Avenida Paulista. Com textos que “conversam” com o íntimo das pessoas. Algumas poucas pessoas rejeitam as cartas enquanto outras recebem de bom grado. Mas como o autor enfatiza sempre: “não estou aqui pelo número de pessoas que queiram ler,mas por quem precisa ler , independente de quantas sejam”.
O autor ,que está prestes a lançar o terceiro livro,tem sua rede de leitores no Instagram @werley_es onde é possível ter um gostinho do que seus poemas podem proporcionar.